O transporte vai quase vazio, não há vozes, não há olhares, não há empurrões, não nada... há serenidade e, isto permite-me apreciar certas singelezas que ocasionam uma graciosa descarga de endorfinas.
O sol é subtil quando ainda está a acordar ou é abraçado pelas nuvens, e beija-me de leve as faces, pausando com a sombra das árvores e dos prédios; as gotas da chuvada da madrugada que escorrem pelo vidro brilham; as minhas mãos geladas vão sendo aquecidas; a música que passa pelos auriculares anestesia-me e o ar 'lavado' e frio traz-me o aroma do pão fresco que o vulto próximo de mim leva consigo. Fico anormalmente confortável.
Fecho os olhos e sorrio porque me apercebo que estou unicamente a ouvir-me. Só desse modo é possível saber o que me dá prazer e apaixona. Se tivesse desligado de mim teria sido mais uma viagem igual a tantas outras.
A viagem de autocarro deve ser equiparada à 'viagem geral'..." Flávia Abreu
O mundo só tem beleza se a conseguirmos ver e identificar.
ResponderEliminarCaso contrario é o prédio, é a estrada...O túnel ou os semáforos...É cinzento , é enfadonho...
Ter a habilidade de ver para alem da capa de um livro é algo que se consegue ao desprender-se do que se observa, e ver ,apenas o que não está lá...
O que poderia estar, surge então desenhando se na tua mente.
Parabéns , beijinho **
É exactamente isso!
ResponderEliminarObrigada, beijo.