segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Colinatrum

"O café estava sossegado, um ou dois vultos ocupavam a periferia da minha visão. A luz amarelo escuro invadia o seu espaço (é a minha preferida) induzindo-me a um estado de alheamento.

Comecei a ler um dos vários manuscritos que organizadamente espalhei pela mesa.

Uma voz de criança soou e, de imediato, atentei a ela sem despregar olho das letras. Questionava alguém sobre as funcionalidades do seu telemóvel. Não resisti e logo a procurei com os olhos curicas. Mas vi não uma criança mas uma senhora, que segurava um telemóvel numa das suas mãos, e fitava o companheiro como quem espera uma resposta. Pensei eu: "Uia... uma mulher com voz de criança??".

Pouco depois vi que as questões eram disparadas por uma criança bem mais além que a minha visão próxima...

As conclusões que nos parecem mais óbvias em determinado momento, nem sempre se coadunam com o real, é necessário ver a situação na totalidade e evitar deduções escusadas com dados insuficientes. Tem que se ter  justeza ao avaliar as coisas simples do dia a dia, porque é com elas que nos construímos, e às ideias que formamos dos outros, daí ser imprescindível estar-se bem disperto. Estou a aprender, e confesso humildemente que espero que o faça até ao meu término." Flávia Abreu

      Um dia, estava eu num café a estudar para os exames que me iriam conduzir à finalização da  minha licenciatura, quando capto este episódio castiço, e decidi registá-lo porque me pareceu uma subtil lição que eu consegui detectar apesar de estar tão ocupada. 
      No preciso momento em que marquei o ponto final, apareceu ao meu lado um meu amigo que me questionou sobre o que estivera a escrever. Não fui capaz de o dizer porque me apanhou num momento de reflexão, mais numa das muitas estranhezas que normalmente pairam na minha cabeça. Mas como não tenho nada a perder, aqui fica...

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