sábado, 27 de novembro de 2010

Ou tudo ou nada...

"Esta lei do tudo ou nada, pela qual se regem os meus anseios, impede-me encontrar um meio termo nas coisas que podem ser sublimes.

Para quê a preocupação? Porque o mundo se rege pela lei do superficial. E isso, para mim, nem chega a ser o nada." Flávia Abreu

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

"Um dia disse 'amo-te'. Apenas um dia...

E senti-o, tal como sinto cada bombear do meu coração. 
Mas já nem me lembro do dia, já não lembro do lugar, só do que senti.

Como pude eu dizer a alguém 'amo-te' se já nem o conheço, se acabamos por desistir um do outro, se a distância entre nós cresceu exponencialmente e se nem gota alguma do meu sangue corre pela sua paixão? Como pude eu dizer 'amo-te' se não senti a segurança futura do seu colo?
Como pode um 'amo-te' tornar-se apenas uma lembrança amarelada pelo tempo?

Por tudo isto não voltei a dizê-lo.


E tive que aprender a ter a coragem para, por vezes, despedir-me do que amo, do que me faz feliz, e de engolir o que mais quero dizer...
Porque, simplesmente, não tem sentido duas pessoas que caminhem juntas olhem horizontes diferentes."  Flávia Abreu

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Colinatrum

"O café estava sossegado, um ou dois vultos ocupavam a periferia da minha visão. A luz amarelo escuro invadia o seu espaço (é a minha preferida) induzindo-me a um estado de alheamento.

Comecei a ler um dos vários manuscritos que organizadamente espalhei pela mesa.

Uma voz de criança soou e, de imediato, atentei a ela sem despregar olho das letras. Questionava alguém sobre as funcionalidades do seu telemóvel. Não resisti e logo a procurei com os olhos curicas. Mas vi não uma criança mas uma senhora, que segurava um telemóvel numa das suas mãos, e fitava o companheiro como quem espera uma resposta. Pensei eu: "Uia... uma mulher com voz de criança??".

Pouco depois vi que as questões eram disparadas por uma criança bem mais além que a minha visão próxima...

As conclusões que nos parecem mais óbvias em determinado momento, nem sempre se coadunam com o real, é necessário ver a situação na totalidade e evitar deduções escusadas com dados insuficientes. Tem que se ter  justeza ao avaliar as coisas simples do dia a dia, porque é com elas que nos construímos, e às ideias que formamos dos outros, daí ser imprescindível estar-se bem disperto. Estou a aprender, e confesso humildemente que espero que o faça até ao meu término." Flávia Abreu

      Um dia, estava eu num café a estudar para os exames que me iriam conduzir à finalização da  minha licenciatura, quando capto este episódio castiço, e decidi registá-lo porque me pareceu uma subtil lição que eu consegui detectar apesar de estar tão ocupada. 
      No preciso momento em que marquei o ponto final, apareceu ao meu lado um meu amigo que me questionou sobre o que estivera a escrever. Não fui capaz de o dizer porque me apanhou num momento de reflexão, mais numa das muitas estranhezas que normalmente pairam na minha cabeça. Mas como não tenho nada a perder, aqui fica...

domingo, 21 de novembro de 2010

Atrevimento

"Os dias acordam-na
num regaço de confusão.
Não é do sonho não!
É do relembrar de ontem,
e do antes de ontem,
e do antes de antes de ontem,...

É de sentir,
nem sabe já bem o quê,
se foi uma evidência ilusória
o que a fez palpitar,
produzindo uma mentira sentida,
no âmago daquele moribundo corpo.

Esconde o semblante nas golas e mãos
porque o olhar se incendiou,
e não consente que seja descoberto
o seu inchaço de fraqueza,
mesmo sabendo que pessoa alguma o vê.

Sofre pelo seu atrevimento,
em insistir ser normal!
Em dar-se sem dever,
e a mergulhar num mar que nem existe!
Pelo seu atrevimento
em querer ter ao redor gente
que ela nunca saberá ter,
porque é diferente de tudo,
e dela mesma não se pode afastar." 
Flávia Abreu

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Viagem na linha 7

"Adoro as viagens de autocarro a meio da manhã...

O transporte vai quase vazio, não há vozes, não há olhares, não há empurrões, não nada... há serenidade e, isto permite-me apreciar certas singelezas que ocasionam uma graciosa descarga de endorfinas.

O sol é subtil quando ainda está a acordar ou é abraçado pelas nuvens, e beija-me de leve as faces, pausando com a sombra das árvores e dos prédios; as gotas da chuvada da madrugada que escorrem pelo vidro brilham; as minhas mãos geladas vão sendo aquecidas; a música que passa pelos auriculares anestesia-me e o ar 'lavado' e frio traz-me o aroma do pão fresco que o vulto próximo de mim leva consigo. Fico anormalmente confortável.

Fecho os olhos e sorrio porque me apercebo que estou unicamente a ouvir-me. Só desse modo é possível saber o que me dá prazer e apaixona. Se tivesse desligado de mim teria sido mais uma viagem igual a tantas outras.

A viagem de autocarro deve ser equiparada à 'viagem geral'..." Flávia Abreu

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Felicidade idiota

Odeio a felicidade idiota, que é aquela cujo motivo se mostra uma ilusão ao fim do tempo suficiente para me sentir idiota por acreditar na sua genuinidade inexistente...

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Apenas a minha opinião: 
      "As humanidades e as artes representam duas das áreas mais primárias do desenvolvimento cognitivo, cultural e criativo de um indivíduo. Como uma árvore, se não tiver raízes nunca será uma árvore, também um humano necessita de construir o seu intelecto com base na sua expressão em relação a estes domínios de estudo para que se possa debater interiormente com as suas aptidões, opiniões e ideias e, assim, possa conhecer-se e adaptar-se à realidade de acordo com as suas vocações e capacidades. 
      Como pode um indivíduo ter uma opinião fundamentada sobre touradas se nunca foi incitado a confrontar os valores humanos com as diferentes culturas, por exemplo? Como pode saber valorizar uma criação artística se não tiver tido qualquer conhecimento a respeito?
      O desenvolvimento da humanidade como aperfeiçoamento dos indivíduos e evolução da tecnologia e competências úteis com vista no maior lucro não se pareiam. Mas deviam! Queremos um planeta que encaminhe as gerações vindouras para a artificialização, que descredite o valor de cada ser humano? Foi-nos cedido o mundo para que o pudéssemos contemplar e melhorar com todas as capacidades de que dispomos com o objectivo da realização pessoal e dos que amamos, e isto não é uma utopia, e afinal o hoje não passa de uma disputa de interesses económicos que mecaniza as pessoas afastando-as da sua essência." Flávia Abreu