quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Ausência

O problema é que muitas vezes as pessoas valorizam mais os bons momentos do que as pessoas que os proporcionaram, acabando por sentir falta de tempos que foram e não das pessoas, que se mantêm, quando se ausentam, porque nem as conheceram...

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Logaritmo


"És ordinariamente como todos,
não de indecência,
mas de vulgaridade,
vestindo máscaras impróprias,
para os apelos das tuas entranhas.
Mas não de todo:

Vagueias pelas ruelas
sem nada ver,
a não ser que n'algo te espelhes:
adocicas a mente por momentos
e, novamente, abandonas a ideia de perceber.

Recolhes-te num lirismo real,
que não o de alguém,
a não ser o mesmo que o meu,
e falas de aparentes esperanças
que nem sabes se queres realizar.

Inspiras memórias
num tempo parado
e deixas de expirar futuras lembranças
num tempo que corre...
Apenas sonhas.

Nesse mundo bravio
vedado de cautela
não haverá flores,
apenas a ideia de que há,
pois não entra semente que em ti renasça.

Vigarizas possibilidades,
de tamanhos sorrisos
e crias uma verdade única
a tua, a que reina,
a que não se entende.

Banes-te da sociedade comum,
não porque optes,
mas sabe-te bem
porque tens por onde pensar 
e por que te comportar diferente.

Fascina-me o teu mundo
onde o céu ainda não chegou
é quente e mágico, não é imundo
como aquele que para todos se criou.

Conheces a mentira e a desonestidade
mas os teus pensamentos
embelezam a verdade
que é a realidade. "
Flávia Abreu

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Singular



"Onde eu moro não há ruas,
é um lugarejo quase esquecido.
À porta cumprimenta-se o sol,
ou o cinza do céu.
Só vem viajante de quando em vez
que, apenas um, dois dias fica...
É-lhes servido um banquete,
mas que o seu papo não consola.

Daqui vejo, não vislumbro.
É o meu maior impulso.
E percebo o que não devo...
ou devo, sei lá eu...
Porque se acredito,
o que acontecer será único;
se não acredito,
nunca será genuíno,
mas nunca uma espada me trespassará.
Não faço uma escolha
porque poderia trair-me
e apenas quero ser eu.
Não quero pensar no que devo ser.
Pensar afasta a simplicidade
e permite penetrar
nos recônditos da verdade
(que é a que se quer).

Por vezes sinto saudade,
de acreditar que os viajantes ficarão, 
do que tive,
do que não tive ou alguma vez terei,
e colido com o tempo
e caio num vazio onde me sento
desencontrando-me, então.

Viajo sem me mexer:
pelo infinito do que poderão ser
a lógica e o senso
e com as mesmas conclusões mato a meta;  
por felizes possibilidades impossíveis...
que me escorrem por entre os dedos
e visitam à noite enquanto durmo." Flávia Abreu