segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Suspenso no dourar

"É um meio sol, não aquece e não deixa arrefecer.
É um assim-assim que dá uma peculiar beleza intrigante às coisas, dourando-as.
E há um vagar que elas ganham, como se a câmara lenta este sol as obrigasse,
para que seja degustada toda a sua existência neste momento, 
deixando, seja um rock pesado, seja um soul, impotentes.
É quase anestesiante. E reconhecê-lo e consenti-lo é prazeroso,
como é o simples toque, nem que seja, de um raio deste sol, na face que encontra primeiro, combinando com a brisa um suavizar do beijo quente, como uma ritual sintonia.
Força um lento piscar de olhos, para em segredo se ver o gosto disto no interior,
mas o suficiente para voltar a ver tudo de novo com o olhar, e não deixar escapar qualquer  pormenor diferente, nem esfriar, nem por um segundo, todo o mistério viciante.
Há uma procura de nada, e de tudo, porque o cerne deixa-se embalar por uma embriaguez que dá o tudo e tira o nada..." Flávia Abreu 

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