quinta-feira, 6 de outubro de 2011

O aparente insano

"É como a bruma que passa,
que carrega no colo centelhas ilusões.
E a maresia que tempera um incêndio de paixão.
E a calmaria que assenta na noite do porto
incita a fugaz vontade de malandragem
como animal que se é.
Tais esses gatos pardos
que berram pela fonte da vida que os penetra.

E chovem estrelas em todos os lugares,
mas só os de natureza apaixonada as vêm,
porque nesse esplendor se querem deleitar.

E a estúpida música que foge pela fresta da porta do bar,
quando a música devia ser a ouvida 
no silêncio da felicidade,
[ou pelo menos das dunas],
roubando a fé das gentes, 
corroendo a essencia delas.
São o que vêem, o que ouvem,
o que lhes mandam, não o que são.

E a pele luzidia de uma criança 
é como os seus pensamentos, 
e o mundo devia ser delas.

Guarda esse beijo para a certeza,
ela dar-te-á uma onda de tudo
pela espinha, pela alma.

Limam-se arestas só aprendendo, conhecendo,
mas deixa de ser belo
se se exclui quem a isso incitou." Flávia Abreu

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